segunda-feira, 29 de maio de 2017

Como ensinar ciência sem ofender religiosos?


Trago para vocês hoje minha visão sobre um situação muito delicada: a separação entre ciência e religião nas escolas.
Vejam bem, eu não sou nem de perto uma pessoa religiosa, não acredito em um deus da forma como é pregado pelas igrejas, como a maioria já sabe, apesar de conhecer muitos cientistas religiosos praticante de alguma fé. Confesso aqui de todo coração que não entendo como conseguem acreditar nessas coisas mesmo conhecendo o método científico e as teorias formuladas nesses últimos 400 anos, mas consigo respeitar a posição de cada um, pois todos devem praticar o que lhes parece mais correto.
Todavia, entendam, não é meu interesse passar essa ideia para meus alunos.
Antes de tudo, vou situá-los e esclarecer o contexto em que a escola está inserida. A escola onde ministros aulas de física está em uma comunidade muito pobre, e como vocês devem esperar, formada de 99,9% (números exagerados, provavelmente rsrs) de crentes da igreja protestante, inclusive alguns funcionários da escola.
Quanto aos funcionários, coordenação, gestão, etc. eu não me preocupo tanto com o que falo em sala de aulas, pois o que eu falo está baseado na ciência, história, matemática, biologia, etc. e eles sabem que não poderão reclamar mesmo tendo opiniões contrárias. Mas tem uma coisa que me preocupa: os pais dos alunos.
Vou dar um exemplo, recentemente estávamos falando sobre o Big Bang (teoria científica sobre a criação do nosso universo), assunto que sempre surge quando alunos perguntam sobre a origem de todas as coisas, quando, de repente, surge uma pergunta "professor, onde Adão e Eva entram nessa estória? Minha mãe disse que eles foram os primeiro seres humanos". Nesse momento a gente tem que levar com muita calma e assertividade, pois quando você tenta explicar para um aluno que aquilo não existiu DE ACORDO COM FATOS CIENTÍFICOS, você está automaticamente chamando seus pais, pastores e amigos de mentirosos ou, no melhor dos casos, ignorantes.
Eu, como pessoa e como professor, não posso mentir para o aluno nesse momento, mas como explicar que a Bíblia é uma coisa e a ciência é outra?

[1]

Outra questão que sempre cai nessas discussões é sobre a Teoria da Evolução das Espécies, de Darwin, que é uma teoria científica com provas mais do que convincentes para alguém que já a tenha conhecido. Mas os alunos insistem em ridicularizar a ideia de que "viemos dos macacos" (como se a teoria evolutiva dissesse isso em algum lugar). Me pergunto sobre a dificuldade que os professores de biologia também devem enfrentar.

[2]


Tenho alguns alunos que quando descobrem que eu não acredito no mesmo deus que eles dizem "Professor, eu gostava tanto do senhor, agora vejo que é um mal caráter. Que pena." Então, nesse momento, é preciso ter uma conversa amistosa com ele e tentar explicar que a crença de uma pessoa não deve ser levada em conta no julgamento da sua índole, o que importa no fim das contas não é ela acreditar ou não em algo e sim as suas ações, se a pessoa é bondosa, responsável e respeitosa.

Assim também como existem alunos que são de algumas igreja e que encaram super bem! Gostam de conversar sobre o assuntos, mesmo que tenham que acreditar na bíblia, mas também se interessam em conhecer um outro ponto de vista. E isso é fantástico!

Algumas disciplinas que são ainda estudadas no ensino médio poderia nos ajudar a esclarecer essa diferença para os alunos, como a filosofia, sociologia, etc. Mas como? Se os professores que ministram essas disciplinas também são ovelhas do rebanho de deus.

Não me levem para o lado super-cético, pois não me oponha à ideia de existir forças no nosso universo além das que conhecemos fisicamente, acho que uma certa espiritualidade é importante e assim como as ideias religiosas podem estar erradas, as científicas também podem, essa é uma das maiores graças da vida. Entretanto, da forma como é pregada pela maioria das igrejas (onde o deus é o dinheiro), usando e iludindo pessoas menos favorecidas em nome de um deus velho de barba, fazendo-as entregar o pouco dinheiro que suam para ganhar, propagando o machismo, homofobia, etc. dizendo que está escrito em um livro de 2000 anos. Aí é de mais. [3]

Como ensinar ciências sem ofender nenhum tipo de religião? Se a maioria das peguntas têm respostas antológicas nos dois pontos de vista? Além do fato de uma simples divergência de opinião soar para muitos como falta de respeito.
É importante ter uma conversa séria, mas amistosa com os alunos, sempre respeitosamente. Explicando que existem várias formas de abordar um mesmo problema e  que  o que é verdade ou equívoco só o futuro dirá. Geralmente o professor conhece seus alunos e sabe até onde pode ir com cada um.

Não deixem as discussões morrerem! rsrs

Adoraria receber sugestões, meus leitores, então quem tiver algum comentário, pode fazer aqui ou encaminhar por e-mail! 

Vlw!



Algumas Referências:

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Como um bom professor de física deve ser?


No ensino médio um dos maiores pesadelos dos alunos são as aulas de física, pois além de envolver uma atenção super especial da área do cérebro responsável pela imaginação, também requer uma base sólida de matemática, que poucos alunos têm em decorrência de um ensino fundamental extremamente defeituoso.
O maior desafio de um professor de física (e de todas as disciplinas) é manter o aluno interessado em aprender, dessa forma, o professor, além de ter os conhecimento técnicos da disciplina, tem que ser uma ótima companhia para os alunos em sala.
O bom professor deve ser um pouco ator, os alunos adoram situações cotidianas representadas em sala, mesmo quando são relacionadas aos assuntos técnicos. 
O bom professor também deve levar coisas novas para seus alunos, como experimento, vídeos, revistas, etc.
O bom professor, além de tudo, deve ser um professor moderno! Pois falando a mesma linguagem dos alunos, o fluxo de conhecimento (que é uma via de mão dupla) é aumentado exponencialmente. 

Experiência pessoal: recentemente, reuni meus alunos em uma sala de áudio e vídeo, para assistirmos juntos à um episódio da série de televisão Cosmos. Por que eu desviaria algumas horas do assunto técnico da sala de aula para assistir à um seriado de televisão? A resposta é simples: eles adoraram! E aprenderam algumas coisas significativas sobre física, ciência, história, biologia, etc. Oportunidade essa que talvez não tivessem em outro lugar. Chamar a atenção do aluno para a ciência e sua beleza talvez seja mais importante que "empurrar goela abaixo uma tonelada de conteúdo" sem que ele se interesse e aprenda nada!

Ainda temos que levar em consideração que, apesar dos alunos precisarem aprender bastante para as provas de vestibulares e ENEM, a grande maioria deles não vai seguir nessa área posteriormente e esse conhecimento vai ser esquecido tão rápido quanto a luz no vácuo. O que fazer então? 
Conheço muito professores que acham que todos os alunos devem ser fera em física (gostando ou não), apesar de sabermos que, de acordo com a teoria das múltiplas inteligências de Gardner, muitos alunos não têm a menor vocação para essa área, e sim para outras, como linguagem, por exemplo. Sendo assim, no meu humilde ponto de vista, para esses alunos que não gostam ou não têm vocação para física, aprender o básico para responder questões de provas já é o suficiente. Para os alunos que realmente gostam e levam jeito para essa área, talvez uma atenção especial seja importante, com desafios extras e propostas de pesquisas aparte do conteúdo.

Para concluir, podemos citar alguns fatores que são indispensáveis para qualquer bom professor:

1. Ser agradável e saber entreter os alunos;

2. Ter um bom conhecimento técnico da disciplina (tempo de experiência faz diferença também);

3. Trazer experimentos científicos e passar pesquisas para que eles mesmos façam as suas;

4. Ter criatividade e disposição para pesquisar alternativas de aulas;

5. Utilizar tecnologias, com datashows, apps, programas;

6. Levar os alunos para fora das quatro paredes da sala eventualmente;

7. Usar linguagem clara e acessível; 

8. Usar questões assertivas e sem ambiguidades para exercícios;

9. Avaliar o aluno de várias formas, não só com uma prova, levando em consideração sua assiduidade, interesse e esforço.

10. Tentar relacionar a física com as outras áreas do conhecimento. Se possível em parceria com outros professores;

11. Realizar projetos na escola que envolva os alunos e possivelmente a comunidade escolar.

Caso você ainda não seja um bom professor, não se desespere, eu também ainda estou tentando. O importante é não parar no tempo e estar sempre se atualizando!

Grande abraço.

Qualquer dúvida ou comentário são sempre bem vindos!

ARAÚJO, L. J. L.


domingo, 21 de maio de 2017

Blog da escola!

Como a maioria de vocês já sabe, desde 05/2016 eu trabalho, lecionando física, na escola CE Bandeira Tribuzzi - CAIC aqui em Santa Inês, no Maranhão.
Recentemente, estamos com o projeto de um blog para divulgar os outros projetos, trabalhos, eventos da escola, etc.

Confiram no link do (BLOG DO CAIC)!

vlw ^^